quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Não somos mais vira-latas!!


Foi-se o tempo em que nós brasileiros nos anulávamos perante os produtos enlatados do Tio Sam e dos europeus. Tudo aquilo que chegava até o nosso consumo 'via alfândega' era melhor, mais bonito, mais gostoso, enfim, mais interessante do que os concorrentes 'da terra'. Reflexos de uma época em que a inflação ia nas nuvens a cada minuto, quando diziam no Hemisfério Norte que nossa capital era Buenos Aires, e pior: quando diziam que em nossas metrópoles macacos, cobras, onças e outros animais selvagens brotavam do nada na frente das pessoas. A imaginação dos gringos era realmente muito fértil.

Hoje não nos cabe mais o famoso 'complexo de vira-latas'. Quando tentam vender nossas mulheres como peças de um açougue na Europa, chiamos. Quando atores de Hollywood como Robin Williams e mais recentemente Sylvester Stallone destilam veneno em direção ao sul, respondemos de pronto: o Twitter virou nossa grande arma. O eterno Rambo se viu, portanto, obrigado a se retratar. Hoje inclusive, o mundo se pergunta atônito: O que é CALA BOCA GALVAO? Ou seja, até nas brincadeiras virais na internet viramos o centro das atenções.

Tudo isso vem junto de uma autoestima jamais vista por aqui. Hoje não somos mais Terceiro Mundo, embora a desigualdade permaneça como uma incômoda pedra em nosso sapato, hoje mais confortável. Yes, agora somos emergentes. Hoje a Europa olha pra cá e já enxerga muito mais do que bananas e mulatas. Em outros tempos, nossos chefes de Estado iam a Washington e desfilavam ao lado dos Clintons, Reagans e Bushes da vida quase como tietes engravatadas. Hoje é Barack Obama que olha pra cá e enxerga em Lula "o cara". Ainda que o mesmo Obama se surpreenda quando o "cara" resolve se meter num terreno antes dominado por seu país: a mediação dos conflitos no Oriente Médio. Temos muitos problemas internos para nos preocuparmos com Israel, Irã e Iraque, mas atitudes como essa nos enchem de vontade de gritar bem alto para o resto do globo: SOU DO BRASIL! OLHEM PRA MIM E ME RESPEITEM!!

É bem verdade que, ao assumir essa posição, ficamos sob o olhar de todo o planeta, e portanto, vulneráveis ao desenrolar dos fatos. Tanto que depois de insistir em convencer o mundo de que dava para dialogar com Ahmadinejad, o Brasil acabou se vendo obrigado a assinar, contrariado, o decreto da ONU com sanções contra o Irã. Condição que uma nação que quer fazer parte do primeiro time tem de estar habituada a enfrentar.

Mas nada que venha a ferir nosso novo orgulho nacional. Não somos mais somente a pátria de chuteiras. Estamos conquistando definitivamente o nosso espaço. Continuamos exportando talentos como sempre, seja com a bola ou com o microfone, mas agora exportamos até ônibus. Numa reportagem da ESPN Brasil na época da Copa do Mundo da África do Sul, em que o repórter falava ao vivo nas proximidades do Terminal Rodoviário de Durban, pude perceber que a maior parte dos ônibus que passavam pelo local eram brasileiros, da encarroçadora gaúcha Marcopolo, devidamente adaptados à mão inglesa, padrão do trânsito sulafricano. Da mesma encarroçadora, vi na BR-040, em Duque de Caxias, um ônibus zero em direção ao Porto do RJ. Destino: Guatemala.

Pra concluir, temos pela frente muito trabalho. O mundo está nos vigiando e pronto para apontar nossas falhas, ou mesmo elogiar nossa eficiência. Seremos os organizadores da próxima Copa do Mundo de futebol, e mais incrível ainda: organizaremos os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Pela primeira vez em nossa história. Pela primeira vez na America do Sul. Temos a obrigação de aproveitar ao máximo essa condição privilegiada que nos foi concedida. Que todo um legado multidisciplinar seja absorvido e repotencializado para as futuras gerações. Que nossos filhos aprendam outros idiomas. Que nossa malha viária melhore consideravelmente, assim como os nossos aeroportos. Que voltemos a investir no barato e eficiente transporte ferroviário. Que vençamos definitivamente a luta contra o crime organizado, e que o exemplo das UPPs do Rio reverbere por todo o país. Que sejamos de fato referência mundial no que tange à fontes renováveis de energia. E que nossas praças de esportes não sejam elefantes brancos após os eventos, mas sim poderosos agentes que permitam às nossas crianças se tornarem grandes atletas de alto rendimento, e se isso não for possível, que tenhamos no mínimo formado cidadãos conscientes e bem sucedidos.

Enfim, tudo isso e muito mais nos faz pensar: será que o velho slogan "O Brasil é o país do futuro" fazia sentido? Será que o tal futuro chegou? Será que, enfim, essa é a Hora do Brasil?


Que saibamos dar essa resposta a nós mesmos.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A máscara dos santistas caiu!!!





O mais belo futebol deste início de ano e várias coreografias juvenis nas comemorações dos gols fizeram dos 'meninos da Vila' os queridinhos do momento. De mídia, público, crítica e alguns mais.


No entanto, a máscara que alguns destes estão vestindo por conta do repentino sucesso, sob a batuta do mascaradinho-mor Robinho, começou a pesar. E tanto pesou, tanto pesou, que caiu!

Lamentável é apelido para o triste episódio que estes meninos (?) protagonizaram. Aconteceu o seguinte: a diretoria do clube paulista agendou uma visita dos aspirantes a craques em uma instituição filantrópica de amparo a menores com Paralisia Cerebral. No entanto, os jogadores, TODOS eles, recusaram-se a visitar as crianças. E o motivo alegado foi que 'a instituição é espírita e os atletas têm outras orientações religiosas'. Só esse motivo já seria de embrulhar o estômago. Será que o dinheiro faz com que percam a capacidade de se sensibilizar? Será que não poderiam dedicar uma ínfima parte de seu tempo para uma ação social desta importância, muito maior do que correntes e tendências religiosas?

Deveriam saber que possuem importância para essas crianças, que teriam um motivo a mais para sorrir, ao ver verdadeiros talentos da bola lhes prestigiando, levando um pouco de alegria às suas vidas, tão sofridas. Que Neymar, Ganso, Robinho e cia. agradeçam a Deus diariamente por terem nascido saudáveis o suficiente para viverem de seu talento nato. Por terem tido uma infância sadia, ainda que pobre.

Por que essas crianças, além da infância pobre, ainda têm que conviver com uma doença um tanto quanto limitante, à margem da sociedade, ainda que seja possível, com muito trabalho por parte de fisioterapeutas, pediatras, fonoaudiólogos e psicólogos, dentre outros profissionais, estimulá-las e inserí-las na sociedade de modo que possam viver dignamente, quando tiverem a idade dos jogadores do Santos..

Segundo o colunista do Jornal Lance!, Eduardo Tironi, o motivo seria ainda mais tacanho, pois circula nos bastidores, segundo o jornalista, a informação de que a falta de pagamento de direitos de imagem e uma represália por uma punição recebida por Mádson, que teria chegado atrasado a um treino, teriam sido os reais motivos para a atitude, no mínimo antipática, tomada pelos jogadores do Santos Futebol Clube.

E agora? Acharão engraçadinhas as coreografias dos 'meninos'???